Eu Quero Um Parto Humanizado?
Crédito: Janaína Cunha
“Eu quero um parto normal, mas não aquele humanizado”. Eu posso apostar que se você quer um parto normal, você quer um parto humanizado.
A assistência obstétrica no Brasil retirou o papel de protagonismo das mulheres e as colocou como frágeis, submissas e incapazes de entender o que se passa com os seus corpos.
O resultado? Medo generalizado do parto e da dor, e o mito de que parto normal é ruim e perigoso. O nascimento passou a ser considerado um problema médico e a tecnologia uma promessa para aumentar a segurança e a eficiência do corpo feminino.
Você já ouviu falar no HumanizaSUS? É uma Política Nacional de Humanização criada em 2004, que tem como um dos objetivos, documentar as bases para a humanização do cuidado em saúde:
- Acolhimento;
- Promoção da autonomia e do protagonismo;
- Equipes multidisciplinares;
- Construção de vínculo;
- Igualdade de acesso aos serviços;
Dentro do HumanizaSUS, foi lançada também a Política de Humanização do Parto e Nascimento (2014), para garantir uma assistência humanizada, o tratamento respeitoso e a prática da Medicina Baseada em Evidências.
Mas e precisava de tudo isso? Não é assim que funciona a assistência obstétrica? Infelizmente não é.
Quem nunca ouviu uma história de um parto traumático e cheio de violências? Isso significa que mulheres ainda são submetidas a parto vaginais cheios de intervenções desnecessárias.
E o que o Parto Humanizado tem de diferente?
- Fortalecimento e participação da mulher na tomada de decisões;
- Respeito às visões, desejos e valores da mulher;
- Uso da tecnologia somente em situações de necessidade;
- Equipe multiprofissional;
- Práticas baseadas em evidências científicas;
- Apoio físico e emocional contínuo durante o pré-natal, parto e pós-parto;
- Liberdade de movimentação durante o trabalho de parto;
- Acesso a técnicas de alívio de dor.
Segundo a pesquisa Nascer no Brasil, da FioCruz (2014), quase 70% das brasileiras deseja um parto normal no início da gravidez, mas o índice de cesarianas no SUS é de cerca de 55%, e na rede privada quase 88%.
Isso mostra que as mulheres não têm sido apoiadas, incentivadas e acolhidas nos seus desejos. E é aqui que entra a doulagem, a educação perinatal e a busca por informações, ferramentas importantes para que as mulheres possam tomar suas decisões e lutar para que sejam respeitadas.